"Os sábios estudam os livros, os políticos estudam os homens." - Balzac

O crescimento da intolerância

O crescimento da intolerância

Tem aumentando consideravelmente a intolerância em todo o mundo. Grupos LGBTs e minorias religiosas estão sendo constrangidos a recuar depois da conquista de direitos mínimos na Áustria e Polônia. Na França, assim como em toda a Europa, o aumento da intolerância está proporcionalmente ligado ao apoio dado à extrema direita, nacionalista e xenófoba Nos Estados Unidos, o Mapa do Ódio localizou ao menos 953 grupos discriminatórios, entre eles um aumento no protagonismo de organizações racistas como a ku klux klan, grupos skinheads e  de nacionalismo negro e religiosos.

O pano de fundo dessa transformação é subscrito pela ideologia anti-humanista que vem penetrando as democracias ocidentais. Ela criminaliza os direitos humanos, é antiglobal, anti-imigração, contrária ao secularismo, o liberalismo econômico, social e cultural, é profundamente discriminatória com as minorias, enfim, é o antissistema justificado para a formação de um sistema mais excludente e similar aquele que nos levou às maiores catástrofes do século passado: duas guerras mundiais e uma crise econômica global até então sem precedentes. A fragmentação do Estado de bem-estar social nestas democracias tem contribuído para arremessar suas sociedades num caminho de incertezas, medos e ausência de perspectiva de um futuro melhor. Quando estes sentimentos crescem, a discriminação aparece.

Esta inflexão ideológica rumo à direita radical deveria oxigenar novas formas de expressão política que acenassem com esperança a uma realidade cada vez mais hostil, fechada e, portanto, menos solidária e humana. Até aqui temos visto pouco movimento para frear o esvaziamento do centro consensual e o processo de deslegitimação dos direitos humanos, da imprensa livre e do pluralismo, marca das poliarquias pelo mundo. Cenários desoladores como este requerem na vanguarda uma plêiade lideranças progressistas unidas por uma agenda comum, e que não duvidem nem hesitem quanto à gravidade do momento que vivemos.

Artigo Publicado em Zero Hora, em 07 de dezembro de 2018.

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